domingo, agosto 31, 2003

PONTO E VÍRGULA. As férias estão a acabar e chegou a altura de fazer as malas e voltar a casa. A experiência enobloguista chegou a uma nova etapa. A partir de agora, iniciada a temporada de caça, volta a coca-cola sem álccol e a água sem gás, light e sem cafeína.
Melhores dias voltarão.
Finda esta etapa, obrigado ao Zé e ao Luís Paulo, patrocinadores oficiais do blog e ainda verbalizadores, nem sempre graficamente materializados, de muitas das opiniões oficiosas que ficam.
"Porto Quinta da Devesa - Garrafeira Particular" - A origem deste vinho do Porto, de lote, é um vinhão de 1944, sucessivamente refrescado pelo produtor. É vetusto, muito consolidado e agradável. Um vinho à antiga portuguesa. PS: a garrafa estava em casa há mais de 20 anos e, quem a ofereceu já a tinha havia mais tempo. Não vale a pena procurar porque não há no mercado.
"Alvarinho Soalheiro, 2002" - Que dizer deste vinho, tão harmonioso e em nada dissonante, sem qualquer ponta extravagante? Apenas que é um alvarinho domesticado, em que o lado selvagem e másculo da casta está controlado e muito civilizado.

"Verdicchio di Matelica, DOC 2001" - Este vinho bebia-se nos palácios venezianos de há 300 anos. Desde então, não piorou. Mas também não se lhe notam melhoras.

"Grand' Arte, Touriga Nacional 2000" (DFJ) - Será que o aroma é de amora, ou antes de batido de amora? Este vinho é pastoso e leitoso, quase agridoce.

quarta-feira, agosto 27, 2003

"Quinta do Carmo, branco, 2002" - Vinho sofisticado de grande amplitude. Se refrigerado, é fresco, mas muito misterioso. Quando aquece, o arinto assalta-lhe o sabor e dá-lhe um travo herbáceo e ácido.

"Viña Tarapacá, Pinot Noir, 1999" - Vinho de denominação de origem de Maipo Valley, Chile. Os 14 graus são ligeiros, mas algo encrespados e um pouco adstringentes. No nariz, apercebe-se o aroma a borracha normal para a casta. O final, é curto e picante.

"Jacob's Creek, Shiraz Cabernet, 2000" - Será este um típico cabernet ? A verdade é que o Shirah não se apercebe muito. O vinho, embora consistente, é ligeiro e picante. Talvez por ser novo, é algo adstringente.

"Porto Pousada Vintage 1997" - Que vinho ! O aroma é algo etílico. Pelo contrário, o sabor é harmonioso e cheio de complexidade. A prova revela um líquido pastoso e carnudo. Uma sinfonia muito afinada, tocada no tempo certo.

"Herdade Grande, Colheita Seleccionada, Branco 2002" - Vinho da Vidigueira, com 13,5º, que cumpre respeitar. É aromático e frutado, algo redondo, mas muito intenso.

"Vinha da Defesa, branco 2002" - Este vinho é muito delicado. Quase apetece dizer delicodoce. Fresco e floral. Muito agradável para aperitivo. E para isso não lhe faz falta nenhuma companhia.

domingo, agosto 24, 2003

"Esporão Branco - Reserva 2001" - Quando um vinho deixa nos lábios um travo agradável e manifesta uma estrutura consistente, de forma a deixar na boca um sorriso que se prolonga pela garganta, já não interessa dizer muito mais. É bom e pronto! Distingue-se, este vinho, pelo carvalho americano em que estagiou. A sua força amarga transpôs-se para ele e marcou-o indelevelmente.

sábado, agosto 23, 2003

"João Portugal Ramos - Syrah, 2001" - Love it or leave it. Syrah é assim. É um vinho que cheia a borracha queimada e cujo travo faz lembrar fruta fermentada. Ou mesmo vinho feito de batatas podres. Quando se abre a garrafa, a impressão é arrasadora. Mas vai evoluindo e no segundo copo choca menos : revela-se o seu lado de bom selvagem. Um vinho soberbo.


"Porto Poças Vintage 1996" - A medalha de ouro da revista Wine é mais que merecida. Na primeira impressão o álcool sobrepõe-se aos outros componentes. Depois, arejando, os espíritos libertam-se e fica o sabor puro de um vinho muito bem feito e já equilíbrado. Um vintage do melhor.

sexta-feira, agosto 22, 2003

"Solar de Serrade - Alvarinho, 2001". Tudo, neste Alvarinho, é nobre e distinto. O nome, o local e as referências da produção, a garrafa e o rótulo. Provado o vinho, revelou ser aristocrata: discreto, mas com personalidade bem definida; pouco seco e quase nada fresco; sofisticado, mas equilibrado, agradável, mas não exuberante. Se servido refrigerado, mantém a sua solenidade discreta. Quando a temperatura sobe, o verniz estala um pouco e libertam-se a adstringência e o carácter puro e duro da casta.
"Porto Poças Vintage 2000" - Como pode a modéstia esconder um monumento vinícola ! Garrafa discreta, rótulo menos que banal, marketing inexistente. Porém, aberta a rolha, emerge um vinho ainda novo - que melhorará - pastoso, com sabor a chocolate e cerejas. Cola a sua adstringência à boca, deixando um rasto prolongadíssimo e intenso de taninos. De sobremesa, para ser acompanhado por nada.

quinta-feira, agosto 21, 2003

"Deu la deu - Alvarinho" - Versão 2002 de um clássico. Poderia comodamente dizer : palavras para quê? Mas é pouco. Adianto ainda que é o Alvarinho mais fresco e frutado da temporada. Ao contrário de outros do mesmo ano, está já pronto a degustar. Tem uma ligeira agulha que o torna muito apetecível nos dias quentes.

"Rueda Verdejo Sanz" - Varietal honesto e equilibrado. E não mais. Nem sempre espanhol é melhor. Y punto.

"Dona Ermelinda" - Tinto de Palmela. O castelão ou periquita de que é feito, pica na boca, de deixa àspera. Pede algo macio para o acompanhar e contrariar. No aroma, nota-se chocolate derretido. Pelo preço (pouco mais de 3 euros), não é fácil encontrar melhor.

quarta-feira, agosto 20, 2003

"Quinta da Lixa, Loureiro 2002" - Plagiando, foi você que pediu um vinho verde fresco e leve, próprio para a época, mas ao mesmo tempo de carácter e travo bem definido? Será o caso. Além disso, eu diria que este vinho roubou o aroma à toranja e, tal como ela, é pouco denso e sofisticado. Pelo contrário, é despreocupado e nada pretencioso; por isso, deixa-se beber muito bem. Querem melhor ?

"Torre de Menagem 2001" (Alvarinho / Trajadura), Quintas de Melgaço - Sobre alvarinhos, neste quase fim do verão, está tudo dito. Resta explorar duas perspectivas: qual deles sublinha melhor o carácter da casta (ponto i); qual deles melhor combina a casta com outras, de modo a adoçar o carácter másculo, dando-lhe frescura e delicadeza (ponto ii). Este, está bem. 5% de Trajadura não lhe retiram o sabor da vide nem a personalidade, mas arredondam a aspereza e tornam este vinho mais urbano.

"Porto Krohn LBV, 1998" - Já se sabia que 1998 foi um ano pouco evidente. Este vinho de sobremesa, vai bem com a dita. Mas honestamente, de um LBV espera-se um pouco mais. Apesar disso, é poderoso e intenso. Curiosamente, ganha se for aberto com alguma antecedência. O que vale por dizer que no dia seguinte fica melhor... Talvez por ser novo e ter muitos espíritos para libertar.

segunda-feira, agosto 18, 2003

Quinta da Alorna (II): aroma discreto mas elegante, com a madeira a não esconder o amanteigado do chardonnay; na boca está fresco, com boa acidez que lhe é dada pelo arinto; vai ganhando complexidade com a subida de temperatura no copo; acompanha entradas variadas, crepes chineses e queijos de sabor não muito intenso.
LP

Martivilli (II): Aroma intenso a maracujá, ananás e pêssego; ligeiro gás, acidez acentuada que é suportada pelo corpo, fresco; final prolongado. Ganhará com um ou dois anos de garrafa.
LP.


"Quinta da Alorna - Branco, Reserva", 2002 - Chardonnay e Arinto, na medida certa, sendo o primeiro mais marcante que o segundo dependendo da temperatura a que é servido. Corpo cheio, convida a copo cheio. E a acompanhamento cheio, também (não é o típico vinho fresquinho de verão).

"Martivilli - Verdejo", Rueda, 2002. Já existem em Portugal varietais desta casta. São em geral secos e ásperos. Este é-o menos. Mais aromático e fresco. Os verdelho deverão beber-se mais amadurecidos do que este o foi. Azar o dele...

sábado, agosto 16, 2003

"Quintas de Melgaço", (Alvarinho/Trajadura) - Vinho equilibrado, algo ácido, como lhe compete, encorpado e fresco. Próprio para o verão. Apropriado para acompanhar qualquer manjar de férias e, em especial, se for peixe grelhado. Deve ser bebido muito fresco.

"Muralhas 2002". Este clássico vinho verde, da Adega Cooperativa de Monção, está melhor que os de anos anteriores. Pronto a beber, embora não perdesse pela demora. Talvez comece a acertar o passo com os Alvarinhos que, definitivamente, ganham se forem bebidos dois invernos depois de feitos. Este Muralhas é fresco q b e é intenso q. b. O equilíbrio certo entre o denso Alvarinho e o fresco Trajadura.

"Casa do Arco 1996". Valpaços é uma região com grandes pergaminhos. Lamentavelmente têm quase todos muitos anos. Recentemente a Adega Cooperativa lançou umas garrafinhas de vinho muito bem elaborado. Monocastas, com grandes potencialidades. Em particular o Trincadeira Preta, vendido a um preço muito baixo, em garrafas de meio litro. Talvez recupere o nome esquecido da região transmontana.

"Chaminé Rosé, 2001". Irmão do tinto de combate com o mesmo nome, este refresco de verão reconcilia-nos com os rosados. Sim senhor! Não desmerece do seu rico primo "Cortes de Cima" ou do nobre "Syrah" do mesmo produtor. Cliff Richard, que fornece uvas para esta casa, apreciará este vinho de Hans Kristian Jorgensen. Atenção aos 14 grauzitos deste rosé!

"J.P. - Moscatel de Setúbal". Geladinho, este vinho de Azeitão é uma sobremesa de truz. Sobretudo se for acompanhado por um queijo cremoso. Consta que tem sido servido na cerimónia de entrega dos prémios Nobel. Tem a vantagem, sobre alguns dos seus concorrentes, de não ter efeitos no "day after"...

"Pousada - LBV 1997". Ainda no capítulo das sobremesas e dos queijos, aqui fica um registo excelente. Boa cor e aspecto pastoso, tem que mastigar-se, para melhor se degustar. O copo fica colorado e a boca nem é bom falar. Verdadeiro néctar, este vinho do Porto só tem um senão: não é filtrado. Dito de outra forma: não se tomando precauções, a ressaca é certa. Mas vale bem a pena.
"Touquinheiras 2001" - Alvarinho
De Melgaço e de um pequeno produtor. Bastante fresco. Com algum corpo, mas com curvas algo arredondadas. Talvez se manifeste mais se não estiver excessivamente refrigerado. Final bastante intenso, a revelar bem a casta.