quinta-feira, março 31, 2005

Adega de Pegões Colheita Seleccionada Branco 2003
É mais que repetente por aqui, o que já diz algo. O chardonnay dá-lhe corpo, sem o amanteigar. O arinto dá-lhe vigor. O conjunto revela-se delicado. Talvez seja efeito do pinot blanc. Rico vinho. 86
Alvarinho Pingo Doce 2003
Produzido por Anselmo Mendes, que em matéria de alvarinhos não precisa de apresentações. Furtado e doce. Equilibrado e consistente. 85

Porto Mistura Real Aloirado Doce 1756/1956
Da Real Companhia Velha. Muito delicado. Refinado, mesmo. Ultra doce, algo alicorado. Um berdadeiro néquetar. Uma antiguidade. Mais que isso, é uma peça de museu. Aliás, era… 89

terça-feira, março 29, 2005

Santa Valha Tinto 2003
Este VQPRD Valpaços já andou por aqui, há uns meses. Adstringente e carnudo. Mastiga-se e enche a boca de picante. Talvez ainda um pouco rude. 78

segunda-feira, março 28, 2005

Cancelão 2001
Douro tinta, da Adega Cooperativa de Vila Real. Aroma vivo, de fruta discreta. Travo sem arestas dissonantes, algo arredondado até. É equilibrado e tem força e alma suficiente. É o que é. Afinal, nas cooperativas ainda se faz vinho bebível. 75

Encostas do Rabaçal Touriga Franca 2002
Da Adega Cooperativa de Valpaços. Varietal de corpo potente (14% de teor alcoólico) e rude. Travo adstringente de amoras do campo, que se cola na boca. Com grelos e alheiras foi bem. 80

Encostas do Rabaçal Trincadeira Preta 2002
Algo químico. Sabe a fruta verde. Agressividade ácida. 74

Vinho do Amigo Lauritão sem rótulo nem data
Fresquinho, numa merenda de primavera no campo, irá que nem ginjas. Ligeiro pico de acidez. Gasoso e muito alcoolizado. 68

Palmela VQPRD Pingo Doce Reserva 2000
Vem do Hero do Castanheiro e tem a marca do castelão francês. Adstringência e acidez típica. Mastigável, cola-se na boca. Exige acompanhamento. 80

Porto Desintervenção Aloirado Doce
Da Real Companhia Velha. Embora não tenha data, esteve quase trinta anos na cave de Chaves. Tornou-se sedoso, com aspecto âmbar. Ganhou densidade gordurosa muito nobre e delicada. Confirma o cliché: quanto mais velho, melhor. Alguém dá uma ajuda na explicação do nome do vinho? 90

Vinha da Defesa Tinto 2000
Vinoso e algo duro. Pujante e enérgico. Algo agreste. 73

Adega de Pegões Colheita Seleccionada 2001
Frio (de carácter, que não de temperatura). Adstringente como diospirus. Travo de morangos verdes. 80

Almeida Garrett Chardonnay 2001
Nada amanteigado, muito discreto e subtil. 80

Cistus Reserva 1999
Douro à antiga, mas não à antiga portuguesa. O travo revela restos de fruta, já enobrecida. Delicado e sofisticado. Perdeu a adstringência mas sobrou o picante. 89

Porto Quinta da Devesa Garrafeira Particular

Não tem data, mas estava na cave de Chaves há perto de 40 anos. Cor âmbar carregada. Licoroso e luminoso. Sedoso e discreto, mas potente. Predomina um intenso travo de caramelo. Valeu a pena guardá-lo. 90

Montes Ermos Reserva 2003
Branco Douro, de Freixo-de-Espada-à-Cinta. Travo forte de ananás, algo amanteigado, denotando claramente a madeira onde estagiou. Corpulento e potente. Muito masculino. 78

Dólmen Tinto 2003
De Valpaços, vinho regional Trás-os-Montes. O rótulo está renovado e o vinho também. Está melhor que as colheitas anteriores. Não consegue libertar-se do carimbo de vinho corrente. Mas tem uma boa relação preço/qualidade. 70

Calços do Tanha Tinto 1994
Este foi um ano importante para Manuel Pinto Hespanhol, o produtor. Esta garrafa, que o próprio já não tem, ganhou o estatuto da idade. O vinho ganhou em nobreza, delicadeza e sofisticação. Sem perder o carácter, já tem o vigor domesticado. 85

terça-feira, março 22, 2005

Espumante Bruto da Casa – Simões dos Leitões
Este vinho caseiro da Mealhada tem um forte travo de fruta madura, mas não é campestre. Pelo contrário, mostra-se polido e educado. Tem graça e força. Está bem para um leitãozinho bairradino. 80

Martim Codax Albariño 2003
É delicadíssimo, revelando uma acidez fresca e fina. Ainda vai ganhar corpo e complexidade, mas já é um gran vino. 89

Hacienda Monasterio 2001
Ribera del Duero de perfil moderno e aroma impressionante, que salta do copo, invadindo o nariz, perdurando. Travo de baunilha, muito pastosa e consistente (Zé dizia cerejas). Depois de arejar, torna-se picante e insidioso. 90

Dona Estela 2003
Verde branco de origem geográfica não revelada. Mais vale assim. Seco e duro. Agressivo e agreste. 65

segunda-feira, março 21, 2005

Chantet Blanet Sauternes 2002
Se não for bastante arrefecido revela bastante a podridão nobre que caracteriza a sua origem. Bem frio, deixa de ser acre e, embora seja mastigável, mostra-se delicado e doce. Chega mesmo a ser sedoso. 90

Marques de Griñon Rioja 2000
Vinho da terra. Fresco e leve. Não se diria ser um varietal de tempranillo. 72

domingo, março 20, 2005

Freixenet Cordon Negro Brut
Os cavas são mais normalizados que os espumantes portugueses e os campagnes. Não é fácil encontrar maus. Este, confirma a regra e não destoa. Revela um ligeiro travo de maçãs amargas mas não ácidas. 80

Vinha d’ Ervideira 2002
Este branco evoca flores do campo, intensas e agrestes. Bastante corpo e consistência. 78

Cistus Grande Reserva 2000
Nova prova de um grande vinho, ao nível dos melhores portugueses. Mastiga-se e degusta-se a riqueza de sabores. Ramalhete de flores selvagens. 92

Quinta de Vale Meão 2002
O aroma tem um impacto potentíssimo no nariz. Perdura e perdura… No travo, muita fruta. Sofisticação e delicadeza. 92

Quinta de Santa Bárbara Vintage 1999
Porto muito equilibrado e subtil, embora não tenha grande intensidade (Zé dixit). Composto, enchendo a boca de caramelo, é um excelente Porto. 92

sexta-feira, março 18, 2005

DFJ Vega 2000
Douro tinto de uma casa do sul. Aroma freco e jovial. Travo harmonioso, sem arestas. Talvez seja demasiado bem comportadinho, porque lhe falta um pouco de força e carácter. 75

Taylors Select Port
É, assumidamente, um vinho da 2ª liga. Não pretende bater-se com os grandes da mesma casa, mas no seu campeonato está em lugar confortável. É rico e adstringente, embora não tenha muita estrutura ou complexidade. Mas vai bem. 79

segunda-feira, março 14, 2005

Planalto Branco Reserva 2003
Corpo composto e equilibrado, que não desmerece. Consistente e intenso. Travo de fruta madura. Para um branco seco, é bastante fresco e agradável. Deve ser bem arrefecido. 80
Alto da Guia 2002
Douro tinto. Aroma fresco e vivaço, que dura e dura. Adstringente e pujante, com travo de terra. Douro moderno, sem fugir ao main stream. Algo selvagem. 80

Vallado 2002
Outro Douro tinto. Desta vez, o aroma é predominante de carne fumada. Presunto transmontano, pouco curado e mole. O travo é mais seco: é de couro intenso. Muito adstringente, espesso e nada subtil. Estas peculiaridades dificultam muito a tarefa de encontrar-lhe companhia adequada. 78

sexta-feira, março 11, 2005

Cartuxa Branco Colheita 1997
Sem desmerecer, pode com propriedade chamar-se-lhe um branco velho. Como uma velha senhora, nada tem de vivaço, é ponderado e nada exuberante. Embora ainda esteja em boas condições, tem algum azedume de carácter. Foi bem com pizza. 70

quinta-feira, março 10, 2005

Robert Mondavi Private Selection Pinot Noir 2001
De Monterey, Central Coast da Califórnia. Aroma arrasador de selva tropical. O travo é muito mais delicado e subtil. Tem um final insidioso e longuíssimo, deixando na boca um aroma de chocolate, algo abaunilhado, que com o tempo fica mais denso. 91

Verde Tinto da Tasca do João
Insustentavelmente leve, com espuma muito rosada, que se desfaz em acidez vivaça. Espesso e pastoso (são sedimentos, mesmo). Resolveu um complexo problema: qual o melhor vinho para uma lampreia com arroz? Neste contexto, não tem defeitos. 70

quarta-feira, março 09, 2005

(Pela primeira vez e a título excepcional, segue-se uma nota de prova de algo que não se bebe em sentido próprio)

Sideways
É definitivamente um filme sobre vinhos.
Não obstante, mesmo quem preferir beber outra coisa, vai divertir-se muito. E vai ouvir falar das peculiaridades da arte, com que poderá depois impressionar os amigos. Vai ainda familiarizar-se com palavras como fermentação malolática, cascos de carvalho francês ou pinot noir. Vai, por último, surpreender-se com uma boa história de vitória do bem na eterna luta contra o mal.
Alguns, ficarão mesmo enternecidos com as desventuras das almas que são gémeas e se cruzam sem se verem e das que se vêm sem o serem.
Eu, que sou bebedor (não me soa bem apreciador), senti que o filme é sobre eu mesmo. Sobre cada um de nós. É uma catarse, mas bem disposta. E, enologicamente, irrepreensível.
Em todo o caso, tem que esperar-se pelo DVD, para rever, em condições apropriadas: num filme destes devia ser permitido trocar as pipocas por um copo de tinto.
Se fosse vinho, a nota era 90.

terça-feira, março 08, 2005

Portal do Fidalgo Alvarinho 2003
Há quem goste de morenas e quem prefira loiras. Quanto a alvarinhos, que perdoem os outros, mas este é o escolhido. É assim a vida. Aroma subtil mas bem presente. Travo com personalidade sem pretender alardear força. Corpo bem consistente, sem se perder em curvas desnecessárias. Fruta e acidez q. b.. Em suma: tudo no sítio. 92

Monte Velho Tinto 2003
Juventude equilibrada e que não deixa ficar mal. Muita fruta, embora algo verde. 79

domingo, março 06, 2005

Quinta dos Aciprestes 2001
Referência habitual por aqui. Muito chocolate, mas amargo. Algo picante. Pujante e agressivo. No Douro, esta relação qualidade/preço é difícil de bater. 88

Quinta de Cabriz Encruzado 2003
Os brancos modernos são assim, musculados. Também são herbáceos e vegetais. Nada delicados (ou femininos, se se quiser…). Este tem a adstringência domada e faz boa companhia a entradas ligeiras. Não é selvagem e está no ponto. 85

Domingos Damasceno de Carvalho 2003
Tinto Terras do Sado em que o castelão está presente e bem presente. Marca o vinho, mas não dá nas vistas de forma exuberante, deixando que as outras variadas castas mitiguem a robustez e a adstringência com alguma diversidade de aromas. É vigoroso e activo. 85

Zambujeiro 2001
Não é fácil descrevê-lo. Parece um vinho à antiga. Ligeirinho, mas muito incisivo. Muito delicado. Chega a ser solene. Não precisa de evocar a linhagem, para deixar claramente perceber a sua categoria superior. 90

Dalva Vintage 2000
Porto de excelência. Enche a boca com a sua subtileza rica e pujante. Muito picante, deixa colado à boca um travo de cerejas maduras. 93